A questão da avaliação é amplamente
discutida e abordada em todos os segmentos externos e internos da escola. Nos
últimos anos, as escolas buscam constantemente redefinir e ressignificar
o seu papel e a sua função social. Elas estão elaborando
o seu projeto educativo para nortear as práticas educativas e, conseqüentemente,
a avaliação.
A escola que hoje queremos, dentro da pedagogia preocupada
com a transformação, e não mais com a conservação,
repensa o processo da sala de aula. A sala de aula existe em função
de seus alunos, e cabe a nós, educadores, refletir se realmente respeitamos
os alunos em relação ao acesso ao conhecimento e se consideramos
quem são eles, de onde vieram, em que contexto vivem, etc...
Diante disso, tentaremos trazer para a sala de aula um
novo sentido para a aprendizagem e para a avaliação. Abordaremos
essas questões a partir de uma escola em que o aluno tenha acesso aos
bens culturais, ao conhecimento produzido historicamente, e possa adquirir habilidades
para transformar esses conteúdos no contexto social. Assim, a prática
pedagógica e a prática de avaliação deverão
superar o autoritarismo, o conteudismo, a punição, estabelecendo
uma nova perspectiva para o processo de aprendizagem e de avaliação
educacional, marcado pela autonomia do educando e pela participação
do aluno na sociedade de forma democrática. Partindo desses pressupostos,
para que o aluno construa o seu conhecimento, a sua autonomia, é necessário
que ele esteja inserido em um ambiente em que haja intervenções
pedagógicas, em que o autoritarismo do adulto seja minimizado e onde
os indivíduos que se relacionam considerem-se iguais, respeitando-se
reciprocamente. Importante ainda dizer que o aluno deve ter oportunidade de
participar da elaboração das regras, dos limites, dos critérios
de avaliação, das tomadas de decisão, além de assumir
pequenas responsabilidades.
Na perspectiva dessa escola cidadã, teremos, na
sala de aula, um professor mediador entre o sujeito e o objeto do conhecimento,
trabalhando de forma que, a partir dos conteúdos, dos conhecimentos apropriados
pelos alunos, eles possam compreender a realidade, atuar na sociedade em que
vivem e transformá-la. Assim, o conhecimento para o professor deixa de
ter um caráter estático e passa a ter um caráter significativo
para o aluno.
Por conta de uma série de reformas e mudanças
que ocorreram na educação nos últimos anos, os sistemas
de ensino têm produzido maior flexibilização e autonomia
nas escolas, até mesmo em relação ao desempenho dos alunos.
Cabe à escola definir o seu projeto educativo,
considerando todos os aspectos, sem criar um descompasso entre o que se pensa
e diz e o que se tem feito, ou seja, o seu projeto deve ser coerente, claro,
participativo, e estar em sintonia com os grupos envolvidos com a escola, ou
seja, com a comunidade, alunos, professores...
É preciso também pensar sobre os professores,
pois, para superar os limites dessa escola que não queremos mais, será
necessário investir continuamente na sua formação, retomando
e repensando o seu papel diante dessa escola cidadã. Nela, não
caberá um professor conteudista, tecnicista, preocupado somente com provas
e notas, mas, sim, um professor mais humano, ético, estético,
justo, solidário, que se preocupe com a aprendizagem. É preciso
um profissional com competência, tanto política quanto técnica,
que conheça e domine os conteúdos escolares e os atitudinais,
saiba trabalhar em sala de aula utilizando uma metodologia dialética,
tenha um compromisso político, social, seja pesquisador, um eterno aprendiz
e estudioso, tenha uma prática coerente com a teoria, seja consciente
do seu papel como cidadão, etc...
Diante dessas exigências quanto à escola
e ao professor, daremos prosseguimento às reflexões iniciais,
em relação às práticas avaliativas.
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